sábado, 29 de setembro de 2012

VOLTANDO MAIS VOVÔ QUE NUNCA


Fiquei algum tempo afastado deste blog e durante esse tempo alguns netos foram incluídos no rol das pessoas mais bonitas do mundo. Alguns nasceram, outros se transformaram, cresceram e, por conseguinte, ficaram mais bonitos ainda.

 Como todos que me conhecem devem saber, a primeira pessoa que me chamou de vovô foi a Lara, minha neta querida, que já completou sete anos e está uma moça já. Ela continua reinando absoluta. Depois dela só nasceu homem nesta casa, então ela continua sendo a rainha da casa. Príncipe são vários.

Quando a Lara nasceu eu realizei um grande sonho da minha vida que era ter uma filha e, já que não tive, quisera Deus que o primeiro neto fosse uma menina. Como eu curti isso. Ninguém consegue entender a importância que ela teve em minha vida. Não era só pelo fato de eu poder ser avô. Era muito mais que isso, transcendia a tudo isso. Foi uma aventura nos mais profundos sentimentos que um homem pode passar por esta vida. Foi, em uma palavra, o nirvana. Apesar de a minha relação com a Lara ter nascida com o seu nascimento, já que nossas histórias se cruzaram recentemente, apesar disso, quando me pego pensando nela, sinto o quanto o amor é sublime. Sinto uma reciprocidade no amar inexplicável.

Então, veio o Vítor. Quando pensei já ter vivido todas as emoções da minha vida, eis que estava ali diante de uma sensação ímpar. Aquela criança nascendo parecia que era uma extensão de mim. Vendo meu filho abraçando meu neto era como se aqueles braços fossem o prolongamento dos meus. Tinha a sensação de que daquele nascimento nascia em mim uma sobrevida. A partir daquele momento minha vida ganhara outro sentido. O filho do meu filho estava ali como a anunciar que as gerações podem e devem ser harmoniosas, que as gerações vão se sucedendo e o que se planta na passada, colhe-se na presente. Vendo meu filho cuidando do filho do meu filho eu percebi que a plantação havia sido boa, os frutos que colhia se traduzia em bem. Ou seja, o filho do meu filho que era embalado pelo meu filho representava o fruto que se colhia pelo pai do pai do meu neto. Foram tão intensas as sensações que senti que a revolução da minha vida estava completada.

Mas a roda gira e veio o Lucas. Esse já encontrou as coisas mais ou menos estabelecidas. Um avô meio calejado pela revolução iniciada pela Lara e continuada pelo Vítor. Mas ainda assim esse menino veio para nos ensinar a partilhar. Ele chegou e foi se alojando em nossos corações como uma sementinha que é lançada e vai crescendo. Hoje se olha para ele e é possível notar que realmente faltava ele para colocar uma série de coisas no lugar. O que antes era uma interrogação de como seria sua família com a sua presença, hoje se transformou em uma certeza de como sua família podia existir sem ele. Ele é a pedrinha que faltava para completar o mosaico maravilhoso que se formou com aqueles quatro.

Mas ainda estava por vir o Davi. O grande irmão da Lara. Assim como o Lucas, o Davi também chegou com as coisas relativamente definidas. Apesar disso, leva uma vantagem considerável sobre o Lucas. Foi o primeiro filho, já que nasceu depois da Lara, enquanto o Lucas foi o segundo filho. Mas o nascimento do Davi trouxe consigo uma novidade das melhores para mim, esse pai torto: vi sua mãe muito mais madura e consciente, muito mais preparada para a maternidade. Olhando hoje esse menino me ocorre o quanto esse ser é iluminado, o quanto ele já com tão pouco tempo entre nós já conseguiu nos conquistar. Quando vejo a Lara trata-lo com o carinho que trata, percebo a capacidade de aglutinação que ele tem. Sinto-me um avô reconfortado que vai colhendo frutos pelo caminho afora.

Mais recentemente nasceu o Caio. Muito provavelmente um pai não sentirá nada parecido com o que senti no nascimento desse meu neto. Sei que a sensação que meu filho sentiu foi suprema. Entretanto, o que eu senti observando a reação do meu filho foi inexplicável. Fui às lágrimas quando vi meu filho mais novo agasalhar seu filho em seus braços, protegendo-o e deixando uma lágrima escorrer pelo seu rosto apreensivo e cheio de esperanças. Sensação igual talvez não terei mais tempo de viver. Quem conhece a história do pai do Caio, apesar de não saber, faz uma ideia do que foi aquele momento para ele. Quem conhece o meu relacionamento com o pai do Caio, também faz uma ideia do que significou para mim aquele momento.

Hoje tenho cinco netos e a cada um que nasce é um recomeço. É um reescrever da minha história ou talvez um capítulo novo e diferente na minha história. Assim minha história vai sendo escrita com essas gotinhas de vida que nascem de vez enquanto para fazer da gente pessoas diferentes. Que venham mais netos, pois quero reescrever minha história continuamente.