terça-feira, 6 de setembro de 2011

COMO LIDAR COM O CIÚME DOS NETOS

Lógico que lidar com o ciúme dos netos é uma função bem mais complicada para os pais do que para os avós. Entretanto, quando nasce o segundo neto, os avós têm a obrigação de lidar com esta situação de forma a causar o menor estrago possível. Não é fácil. Assim como não são fáceis várias coisas em todos os relacionamentos. Mas é necessário se esforçar para não ferir o neto mais velho e, claro, não negligenciar o relacionamento com o neto novo.

Quando o Vítor nasceu já senti um pouco isso na pele (aqui). Mas naquela ocasião, por uma série de circunstância, achei o problema menor, dentre outras coisas porque a Lara tinha uma convivência menor com o Vítor. A minha convivência com a Lara também é menor, por motivos que não tenho controle. Mas com o nascimento do Lucas percebi que o problema é um pouco maior. De repente estava diante de uma situação estranha.

Evidentemente que é necessário não forçar a barra, o neto mais velho não pode ser forçado a aceitar o irmãozinho a qualquer custo. Isso pode funcionar ao contrário e aumentar a rejeição inicial, ao invés de diminuir. Por outro lado, fingir que não está acontecendo nada será tão prejudicial quanto forçar a barra, sobretudo a médio e longo prazo, pois, a curto prazo, o neto mais velho se sentirá confortável e continuará achando que nada vai mudar, que a atenção vai continuar exclusiva dele, que ele não irá precisar fazer nenhum sacrifício para conviver com o irmão novo, que viver em família não envolve nenhuma renúncia etc. Então, até didaticamente não se pode fingir que não está acontecendo nada.

Mas o que fazer? Mais uma vez, lá estão os avós, e os pais também, lógico, sobre a corda bamba. Andando sobre um fio de navalha, tomando um cuidado danado para não se machucar. Percorrendo uma linha muito tênue que separa um lado do outro e qualquer pisar em falso avança um ou outro campo minado.

Tenho tentado uma tática interessante para transitar por esses terrenos pantanosos. Decidi que, como antes, as visitas que faço à casa do meu neto continuam sendo visitas ao neto maior. Mas decidi também que meu neto maior deve saber também que tenho interesse em ter contato com o neto menor. Partindo dessas primícias, tento descobrir uma forma de passar esta mensagem ao neto maior. Dependendo da situação, uso formas diferentes de passar a mensagem.

A título de exemplo, noutro dia estava na casa dele e, num determinado momento, cochichei no ouvido do Vítor, o neto mais velho, que já estava indo embora e se ele podia me fazer o favor de me levar para ver o Lucas, o neto mais novo. Imediatamente ele deixou de fazer o que estava fazendo, me pegou pela mão e fomos em direção ao berço onde o Lucas estava. Lá ficamos um pouco, ele fez algum comentário, eu fiz outros. Logo o Vítor quis sair, eu o peguei no colo e cochichei no ouvido dele que estava muito agradecido por ele ter me levado para ver o irmãozinho e achava que o Lucas também estava satisfeito com isso. O Vítor saiu dali satisfeito de me fazer um favor, sabendo que eu tenho interesse no irmão dele também e, às vezes, ainda fica marcado em suas lembranças que ele está sendo o veículo condutor desse interesse meu pelo seu irmão.

Quem prestou atenção naquela cena talvez não tenha entendido nada. O menino brincando, de repente o avô cochicha alguma coisa em seu ouvido, o menino sai com avô em direção ao berço, depois volta e continua a brincar de jacaré com o avô como se nada tivesse acontecido. Mas, na minha avaliação, primeiro, ao cochichar no ouvido dele para pedir um favor, deixei ele muito à vontade para fazer ou não, que por sinal ele não tinha obrigação de fazer um favor a alguém. Por isso é que se pede o favor. Depois, ao pedir para ele me levar para ver seu irmão, mostra a ele, didaticamente, que eu quero estar com o irmão dele e com ele, e que, se ele quiser, poderá ser a ponte de ligação entre o avô “dele” e seu irmão. Por fim, ficar agradecido pelo favor que ele me fez e demonstrar isso efusivamente, lhe deu a recompensa pela atitude dele e deixam as portas abertas para fazer isso mais vezes.

Esse é só um exemplo, outros aconteceram e espero, sinceramente, que outros acontecerão. Espero não perder de vista que o bem-estar dos meus netos é a coisa mais importante a conquistar nos próximos anos da minha vida e para isso preciso me desdobrar a fim de descobrir formas de andar na corda bamba e não cair e tampouco ser empurrado dela.

Mas, de uma coisa todos podem estar certos. Quando a gente está com um neto no colo o tempo voa, a gente esquece qualquer problema, independente se esse neto está vidrado na televisão assistindo seu desenho preferido como a Lara ou o Vítor, ou se esse neto está ressonando feito um anjo, como o Lucas.

Ser avô é muito bom.

3 comentários:

  1. me ajudou bastante esse depoimento meu neto esta com muito ciumes de mim com a irmãzinha

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  2. E quando o netinho tem ciumes de todo mundo! Ele acha que a vovó é so dele. Briga, grita, chora e eu tento sempre conversar com ele. Tem ciumes do pai e do avô.

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  3. Meu problema , é que fiquei avó de dois netos no mesmo ano, 2018. Uma menina e um menino. Cada um de um filho. E este ano, 2020, meu filho mais novo também está com um bebê de 3 meses e mora comigo. Eu cuido do neto número 2 no periodo da tarde até que a sua mãe (minha filha) volte do trabalho. E ele estava acostumado a ser somente ele comigo. Agora que tem o bebê ele nao quer nada comigo. Já me viu dar colo pro pequeno. Gosta do bebê. Faz carinho. Pede pra estar junto. Mas não quer que eu me aproxime dele(o mais velho). Preciso me esforçar muito pra ele aceitar meu carinho e colo. Tenho ficado meio de longe quando ele chega. Faco algo pra ele comer. Ofereco. Mas a primeira resposta sempre é nao. Depois de algum tempo ele aceita. Nao sei se estou agindo corretamente.

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