quinta-feira, 30 de setembro de 2010

PRIMEIRO POEMA PARA O VÍTOR

Na verdade este poema foi feito para a mãe do Vítor

UM ANJO GRÁVIDO
(Para Ariane)

Divina e bela és mãe
Sublime e pura és anjo
Passiva e calma espera
Transparente e lúcida ama

A mãe que existe em ti aflora
O anjo que tu és arvora
Nesta espera tu surpreendes
O amor de teus atos nos prende

A beleza de teu estado fascina
A pureza de tua parte apacenta
A calma em ti nos domina
A lucidez que tens acalenta

Divina beleza então vem
Pureza sublime então vive
Mansidão e calmaria então tem
Lucidez transparente nos faz bem

Nessa mágica atmosfera teu Vítor embalas
Na magia da espera tu deleitas
No milagre da vida, com Deus tens parceria
Na sapiência de teu ser, tu crias

Sê feliz, então, menina-mãe linda
Sê, então, menina e mãe feliz e linda
Sê menina, então mãe feliz e linda
Sê mãe, então, menina e feliz linda

terça-feira, 28 de setembro de 2010

TUDO VOLTOU AO NORMAL

Duas semanas se passaram sem que o almoço de sábado tivesse a concorrência dos meus dois netos (Vítor e Lara). É que já fazia duas semanas que a Lara não vinha almoçar com a gente.

Foram duas semanas em que só encontrava meus netos em separado. O Vítor de vez em quando e a Lara às terças-feiras. Foram duas semanas sem ter que administrar ciumeira de ambas as partes.

A Lara é mais direta, sente ciúme e demonstra. Algumas vezes até fala. O Vítor fica mais na dele, mas quando me vê dando atenção para a Lara me olha com aquele seu jeito de gaiato mais bonito do mundo, pedindo, pelo olhar, para eu dar atenção pra ele.

Lógico que tenho que administrar isso. Todos os sábados faço isso, com muito gosto inclusive. Quando os dois crescerem mais, verão que faço a eles tudo o que é possível fazer, sem preferência e sem privilégio. Um dia eles crescerão e entenderão isso.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

UM NETO PRA LÁ DE ABUSADO

Hoje fui passear com meu neto no shopping. Esse menino é abusado, sempre está feliz e com aquela cara de "vovô eu sou o menino mais feliz do mundo". Enquanto a gente vai deixando, ele vai se distraindo com as coisas que encontra pela frente. Dentro de uma loja parece pinto no lixo, não deixa de mexer em nada. A nós cabe seguir para não deixá-lo fazer coisas que não pode, ou não deixar ele mexer em coisas nas lojas onde isso não é permitido. Fora isso, é só caminhar atrás dele. Aquele pedacinho de gente nos conduzindo pelos caminhos de um shopping, e a gente seguindo aquele pedacinho de gente, como se seguisse um tesouro.

sábado, 18 de setembro de 2010

POETICE - MINHA VEIA POÉTICA III

A FALTA QUE O VÍTOR FAZ

Um turbilhão de emoções a me ferir a alma
Querendo explodir um coração em chama
Sabendo ser uma emoção que cala
Fazendo crer numa passagem calma

Num desespero busco no ócio a força
Mas a força do ócio é força que quebra
Quem sabe, então, tenho a força e torça
Pra não fazer da vida um vazio que celebra

Assim me sinto quando estou aqui distante
Assim eu fico quando me vejo longe
Assim eu creio que por um instante
Assim eu tenho um final de monge

Esse meu herói me deixa alucinado
Sem ter por onde começar a vida
Sempre que fico a vagar inanimado
Tenho certeza da pressa perdida

POETICE - MINHA VEIA POÉTICA II

AINDA FALTAVA ELE

Olhando rumo ao infinito do otimismo me alimento
Quando cai a noite e o luar sorri, as estrelas me acalmam
Fixando a inerte imensidão do universo em movimento
No firmamento inaudito, se via bem nítido que...
ainda faltava ele

Desde sempre sonhei muito com uma descendência feminina
O universo conjugando inexplicáveis loucuras a me deu
Numa explosão inenarrável onde a razão não predomina
Na repentina freada, encontro no meu íntimo que...
ainda faltava ele

Primogênito que é, feliz sempre foi, inquieto demais
Os anjos não param, o lugar sempre frio, sempre a esperar
Conflitos que calam, guerras que falam, tudo é muito fugaz
Na paz inalcançada, sentia, então, enfim que...
ainda faltava ele

A genitora serena, mansidão como água que dorme no lago
Com sofreguidão imolava seus dons com felinos
Pacientemente vivia intensamente num mundo vago
No afago rompante, sua mansidão sabia que...
ainda faltava ele

POETICE - MINHA VEIA POÉTICA I

ASSIM É A LARA

Criança que me coloca de frente pra vida
Soube conquistar cada um de nós
Chegou faceira revolucionou o mundo
Seu sorriso agrada até o mais feroz

Menina cândida que encanta o pranto
Menina inquieta pela alma chama
Menina doce que faz um bem e tanto
Menina altiva que dispersa clama

Clama criança pela vida afora
Dançando dança que vira eterna aurora
Escrevendo ao léu poesia que me cala fundo
Cantando canto do seu eu profundo

Aurora, brisa que você me deixa
Brisa, chama que não se queixa
Chama, calma que me chama a alma
Calma, ardendo como se arde a brasa

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

AVÔ 4G

Acho que todos os visitantes a este blog sabem que sou absolutamente apaixonado pelo meu neto. Depois de muito observar percebo também que a recíproca parece ser absolutamente verdadeira. Noutro dia estava tentando achar uma explicação para isso. De minha parte eu sei qual é a explicação para essa paixão que sinto por ele. Já da parte dele não sei o que se passa.

Será que é porque ele acha seu avô um "joão-bobo", aqueles bonecos infláveis que você bate de um lado e ele cai até o chão e volta a ficar de pé? Sim, porque ele sabe que para brincar com o neto, o avô faz qualquer ginástica. Fica de pé, dança, deita, rola no chão.

Será que é porque ele acha seu avô um Forrest Gump, aquele contador de história do filme americano? Sim, porque ele sabe que pode a qualquer tempo trazer um livro que ouvirá uma história, ou a que está no livro, ou outra baseada nas figuras do livro.

Será que é porque ele acha seu avô um pangaré, aquele cavalo considerado o vira-lata dos cavalos, que normalmente não é bom de carga e anda mancando? Sim, porque ele, sempre que quer sabe que pode pedir para andar de cavalinho com o avô em pé e ele no pescoço ou com o avô deitado e ele nas costas.

Será que é porque ele acha seu avô um palhaço, daqueles capazes de fazer as maiores palhaçadas somente para distraí-lo? Sim, porque ele sabe que seu avô, se for preciso, faz palhaçadas mil para que ele coma seu "papá", na hora certa e na quantia certa ou simplesmente faz muitas palhaçadas para lhe arrancar aquela gargalhada que soa como música.

Será que é porque ele acha seu avô o maior baby-sitter do mundo, daqueles que, sempre que é chamado, está lá brincando com ele, trocando suas fraldas, dando-lhe banho, fazendo-o dormir na hora certa? Sim, porque ele deve sentir que esta atividade deixa seu avô absolutamente em estado de graça. Ele deve sentir também que não existe atividade que dá mais prazer que esta.

Alguma coisa deve explicar o que meu neto sente por mim. Um dia descubro.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

OBSERVAÇÕES SOBRE ANJOS

Noutro dia, ao observar meu neto, me pus a pensar o quanto o divino pode se assemelhar ao humano. Aquela criatura ali, faceira e feliz, sem mácula, só pode ser uma cópia autêntica daquelas imagens que povoam nossas mentes quando pensamos em anjos. Ao vê-lo assim faceiro, feliz e inquieto foi difícil não imaginar um anjo com seus cabelos enroladinhos e suas asas, pulando de uma nuvem para outra e de novo para outra e de volta para a uma, nessa inquietude própria de uma criança que sabe e quer ser feliz.

Olhando aquele anjo é impossível fugir daquele momento. O passado nem sei. O futuro, quem sabe? O presente daquele momento é o que basta. Que bom chegar nesta fase da vida nos permitindo fixar no momento. Sem antes, sem depois, sem periferia, somente o ínfimo momento e quem o vive poder tornar eterno seu efeito e fazer uma eternidade sua duração. O divino realmente se assemelha ao humano e está tão presente em nossas vidas e, melhor ainda, palpável. Que bom que é viver assim.