De vez em quando faço umas visitas clandestinas ao meu neto. Costumo chamar de visitas clandestinas, mas poderia acrescentar também o adjetivo roubadas, pois são visitas que faço na surdina. Não tem dia, nem hora e ninguém sabe com antecedência. Nem todas as pessoas que convivem comigo são a favor dessas visitas, mas uma coisa garanto, não existe coisa melhor no mundo. É uma graça divina perceber que meu neto gosta tanto quanto eu dessas visitas . É o nirvana quando eu chego à sua casa e ele vem ao meu encontro com aquele sorriso do tamanho do mundo. Embora ele ainda não pronuncie palavras, o seu olhar e seu comportamento me dizem coisas que somente o coração é capaz de perceber. É nesse momento que a gente se dá por inteiro um ao outro. As únicas amarras nesses momentos são as convenções estabelecidas tacitamente entre seus pais e eu. Fora isso é só alegria. Eu sou cavalo, ele cavaleiro. Sou bandido, ele herói. Sou nada, ele tudo. Vezes sou pouco, ele é muito, outras sou muito, ele é pouco. São momentos tão absolutamente ternos que nem sempre é possível perceber quem sou eu e quem é ele. Só quem vive essa experiência é capaz de entender do que estou falando. Que Deus nos conserve assim.
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