sábado, 10 de setembro de 2011

AS PIPOCAS DA VIDA

Sempre que vejo um trio elétrico e observo a pipoca sou arremessado a algumas lembranças da minha infância. Na pipoca dos trios elétricos, normalmente ficam as pessoas que não podem pagar pelo abadá e ficam ali meio que participando da festa, vendo tudo o que acontece, mas não aproveita como as outras pessoas.

Na minha infância, me lembro grandes quermesses que as igrejas faziam, onde a atração principal eram os leilões de frango assado. Quando alguém arrematava a mesa toda saboreava aquele galináceo recheado com uma farofa. A gente, sem dinheiro para comer ou beber alguma coisa, ficava ali na pipoca observando tudo, meio que participando da festa, mas sem aproveitar nada.

O “must” acontecia no final da quermesse e aquilo vinha como se fosse uma recompensa por esperar tanto. Quanta farofa de frango se conseguia sobre as mesas vazias. Com um pouco de sorte se conseguia também alguma garrafa de refrigerante com um pouco de líquido dentro. Aquilo era o máximo. Nessas ocasiões eu me sentia um privilegiado. Quanto privilégio poder, de vez em quando, ingerir alguma coisa diferente de arroz e água. Se não conseguisse aquelas sobras, tudo bem também. Não tinha problema. Aquela concessão era um “plus” que aparecia de vez em quando. O normal da vida não era daquele jeito. O normal era viver sem aquelas sobras.

Pois é, há um tempo na nossa vida que nos contentando com pouco. Até com migalhas, às vezes. Depois o tempo passa e a gente se esquece que pouca coisa já bastou pra gente ser feliz.

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